A prevalência da obesidade nas crianças e nos jovens tem vindo a aumentar consideravelmente, sendo considerada a epidemia do século XXI. O nosso país também já apresenta um índice de pré-obesidade e obesidade na sua população infantil e juvenil. Nas últimas décadas tem-se vindo a tentar combater não só a obesidade como a inatividade física, sendo um tema de preocupação tanto para os profissionais de Saúde como os da Educação Física e do Desporto. Para o Ministério da Saúde, o aumento da inatividade física pode conduzir a problemas como: hipertensão, diabetes, alguns tipos de cancro, problemas cardiovasculares, problemas respiratórios, distúrbios do sono e alterações osteoarticulares, metabólicas e psicológicas.
O conceito de aptidão física, no âmbito da saúde, diz respeito às características físicas e fisiológicas de um indivíduo, definindo não só o risco de vir a desenvolver de forma prematura algumas doenças, como também caracterizar o seu estilo de vida. Neste sentido, entende-se que se existir um bom índice de atividade física e de saúde entre as crianças e jovens em idade escolar, estas apresentarão uma melhor saúde cardiovascular e músculo-esquelética, uma melhor composição corporal, menores níveis de lípidos no sangue, mais saúde mental e melhor rendimento escolar.
A escola é o local de excelência para promover hábitos de atividade física nas crianças e nos adolescentes, uma vez que é o local onde estes passam a maior parte do tempo e para muitos é o único espaço onde têm a possibilidade de ter acesso a práticas desportivas. Assim sendo, as aulas de Educação Física devem ter como uma das suas finalidades dar a possibilidade de os alunos conseguirem praticar 60 minutos de atividade física de intensidade moderada a vigorosa.
A prática de atividade física em crianças e jovens promove a aquisição de competências / habilidades que lhes permita saber como praticar e planear o seu exercício físico ou desporto em idade adulta e manter bons níveis de aptidão física nessa etapa, como também permite aumentar o seu reportório motor, tornando-as aptas em várias modalidades.
Tem-se verificado que a maioria das crianças tem apresentado um reportório motor baixo uma vez que, raramente ou mesmo nunca, correm, saltam, agarram ou trepam. Deste modo, considera-se essencial desenvolver as competências motoras das crianças e jovens desde cedo para que estas sejam capazes de se mover de forma coordenada em diferentes situações e tarefas, tornando-as pessoas ativas que não vão desenvolver sobrepeso ou obesidade. Alguns estudos têm evidenciado que quanto mais positivas forem as experiências em Educação Física, maior a perceção do aluno em relação à sua competência motora.
Uma das formas de identificar quais as crianças e jovens que atendem aos critérios referenciados de saúde é a partir da aplicação dos testes de aptidão física. Assim, sob a orientação do Ministério da Educação, nasce um conjunto de testes FitEscola, adaptados às turmas do 1.º ciclo do ensino básico, designado de “PréFitEscola”. Estes testes, semelhantes à bateria de testes FitEscola apresentam um conjunto de testes que tendem a avaliar a aptidão aeróbia (Vaivém); a composição corporal (peso e altura) e as competências motoras (agilidade, impulsão horizontal, transferências laterais e saltos laterais) dos alunos. Neste sentido, uma criança com uma boa aptidão aeróbia terá um menor risco de desenvolver doenças durante todo o ciclo de vida. Por sua vez, os testes que trabalham as competências motoras permitem identificar se um aluno é proficiente numa variedade de atos ou habilidades motoras, visto que avaliam componentes de estabilização (equilíbrios dinâmicos e estáticos); de locomoção (saltos, correr, galopes) e manipulativas (lançar, pontapear, agarrar).
Porque nos preocupamos com a saúde das crianças que acolhemos e educamos, este ano decidimos também incluir o trabalho deste domínio nas nossas aulas de Educação Física!