Peças Soltas


As peças soltas como material de fim aberto, onde as nossas crianças desenvolvem e estimulam a sua aprendizagem!

A expressão “peças soltas” foi criada pelo arquiteto britânico Simon Nicholson (1971) para descrever materiais de fim aberto, que podem ser utilizados de muitas maneiras, desenvolvendo a criatividade e o pensamento da criança. Qualquer material que possa ser usado com diversos fins e que seja atraente o suficiente para ser agarrado e manipulado pela criança, várias vezes, pode ser uma peça solta.

 

 

Peças soltas são isso mesmo, materiais fascinantes que mobilizam a curiosidade natural das crianças e apelam ao seu sentido estético, caracterizando-se também por serem móveis, poderem ser transportadas, separadas, juntas, combinadas com outros materiais e transformadas no que quer que as crianças imaginem. A diversidade de cores, tamanhos, texturas, sons e cheiros das peças soltas, encorajam as crianças a usarem vários sentidos, e a sua diversidade estimula a exploração, a classificação e seriação. Não havendo uma única forma correta de utilização, todas as crianças podem usar peças soltas com sucesso. As brincadeiras são imensas, diversas, abertas e livres, promovendo relações e experiências significativas.

 

 

As peças soltas estão a tornar-se, cada vez mais, elementos relevantes em vários contextos de Jardim de Infância por distintas razões, e o nosso espaço educativo não é exceção.

 

Na nossa escola, quer no exterior, quer no interior (contexto sala), a organização do ambiente educativo já privilegia as peças soltas, sendo mais que uma proposta pedagógica, é também uma filosofia educativa que considera as crianças como agentes competentes na sua aprendizagem, privilegiando o brincar da criança e o apoio da educadora aos seus interesses. Proporcionar às crianças a brincadeira com peças soltas é tão importante como incentivar à criação e brincar com elas.

 

 

Um adulto vê uma caixa de cartão, mas uma criança vê muito mais! A criança vê a possibilidade de dar asas à imaginação e construir vários objetos. Essa caixa pode tornar-se num carro, num castelo, num foguete, numa cama, qualquer coisa que ela quiser inventar. As possibilidades de criação são infinitas. E o melhor de tudo é que essa caixa de cartão pode ser recriada por outra criança. Não há limites! O que pode ser visto como um comboio, horas mais tarde pode ser visto como uma mesa ou um avião. O que realmente importa, é no que a criança quer que aquele objeto se transforme.

 

 

Brincar com peças soltas desenvolve assim o pensamento crítico, promove o pensamento convergente e divergente, apoia o autoconhecimento, a autoestima, a autonomia, contribuindo para todos os aspetos do desenvolvimento e áreas de aprendizagem. As crianças, ao brincarem com peças soltas, aprendem com a exploração das suas características, como as utilizam na criação artística, o seu papel no desenvolvimento da linguagem oral e escrita, os conceitos que aprendem, na matemática e na física, quando constroem e fazem pesquisas a partir dos problemas que encontram.

 

 

Acreditamos que a importância das peças soltas para desenvolver as competências que as crianças necessitam num mundo em mudança, é essencial para estimular a aprendizagem no século XXI.

 

Maria Ivone Gomes

Educadora de Infância

 

 

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